Prefeito mobiliza equipes para a questão de moradores de rua
Nardyello Rocha se reuniu com a equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social que atua mais especificamente na área, para entender as ações já desenvolvidas e visualizar um diagnóstico sobre a questão complexa
Publicado em 19/06/2018 10:01 - Atualizado em 19/06/2018 10:40
Técnicos esclarecem a situação no gabinete
Um fenômeno social, em decorrência de uma série de fatores, vem mobilizando variados setores da sociedade, não apenas nas grandes capitais do país, mas também nos municípios de interior: o crescente número de moradores de rua nos últimos anos. Em Ipatinga, não só por conta do agravamento da crise econômica do país, mas também em decorrência da falta de atenção de governos municipais anteriores, a situação preocupa hoje a Prefeitura e representantes da sociedade organizada.
Nesta semana, o prefeito Nardyello Rocha se reuniu com a equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social que atua mais especificamente na área, para entender as ações já desenvolvidas e visualizar um diagnóstico sobre a questão, que é complexa. “Meu objetivo foi estar a par de toda a situação que já afeta diversos bairros e segmentos da nossa sociedade. Precisamos enfrentar o problema de maneira integrada e dar respostas satisfatórias, mesmo com a falta de orçamento. Juntos, vamos avaliar o que já foi feito e verificar o que pode ser potencializado. Já agendamos um novo encontro de discussões para os próximos dias, com todos os setores envolvidos nessa questão: Assistência Social, Serviços Urbanos e Meio Ambiente e Segurança e Convivência Cidadã”, adiantou Nardyello.
Nos últimos 18 meses, o trabalho dos técnicos da Secretaria Municipal de Assistência Social se intensificou, com o objetivo de fazer um amplo levantamento da situação, fomentar o diálogo e soluções com a população de rua e reestruturar os equipamentos disponíveis pelo município. Um exemplo disso foi a reabertura e reestruturação do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua, o chamado "Centro POP", que fica na rua Pouso Alegre, no Centro. Lá são oferecidos serviços como o incentivo à reinserção familiar e/ou comunitária, encaminhamento para a área da saúde, espaço para banho e lavanderia e atendimento interdisciplinar com psicólogos e assistentes sociais.
A Prefeitura conta ainda com a Casa de Acolhimento Parusia (próximo à Praça Caratinga) – que oferta alimentação e dormitório; o Consultório na Rua, com serviços de atenção básica na área de saúde; a Clínica Psicossocial (Clips), que é o serviço especializado em reabilitação psíquica e social. Há ainda parcerias importantes com o Ministério Público, com a Polícia Militar por meio do programa “Crack, é possível vencer”, com a sociedade civil organizada e com algumas igrejas.
Perfil dos atingidos
Diagnóstico realizado em 2017 pela Secretaria Municipal de Assistência Social, em parceria com a Polícia Militar, apurou que somente 40% dos moradores em situação de rua são da cidade; os outros 60% são imigrantes. Cerca de 67% dos cidadãos abordados deixaram seus lares por fazer uso de álcool ou drogas ilícitas. Além disso, 68% desta população tem entre 18 e 40 anos, e 65% possui somente Ensino Fundamental. “Estes dados são de extrema importância para nos auxiliar nas intervenções, nas diferentes formas de abordagens e parcerias”, avalia José Osmir de Castro, secretário municipal de Assistência Social.
Apesar dessa rede de apoio, é consensual a necessidade constante de avaliação e reestruturação nas formas de atuação desta política pública. Vale destacar que o município vem atendendo este público sem o repasse do Governo Estadual desde o ano de 2015, realizando todas as intervenções com recursos próprios. Dessa maneira, algumas ações ficam prejudicadas pela falta de cumprimento orçamentário dos entes federados.
Outro destaque relevante é que o trabalho com a população em situação de rua demanda intervenções intersetoriais de curto, médio e longo prazos. A ação dos técnicos é pautada mediante o Decreto Federal 7.053/09, que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua. “Desde que iniciamos o atendimento à população em situação de rua, diagnosticamos e identificamos o perfil destas pessoas, com objetivo de traçar planos e metas para um trabalho qualificado que atenda as particularidades de cada indivíduo, respeitando os mandamentos da legislação federal”, explica Cláudia Castro, diretora do Departamento de Proteção Social Especial, ligado à Secretaria Municipal de Assistência Social.
História de resgate
Conforme dados repassados pelo Departamento de Proteção Social Especial, em 2017 cinco famílias foram retiradas das ruas do município. Um dos exemplos é Emerson Almeida Camilo, resgatado com sua família. “Fui morador de rua por dez anos. Primeiramente, agradeço a Deus e ao pessoal do Centro POP da Prefeitura. Foi graças ao esforço deles para devolver a minha autoestima, me auxiliando com documentação, alimentação e albergue, que hoje tenho onde morar. Eu já tinha passado por várias clínicas de dependência e sempre voltei pra rua. Já sabia o que tinha que fazer, mas faltavam estímulos e, graças a Deus, eles têm me dado este apoio. Não tem sido fácil. Contudo, já tem sete meses que estou fora da rua, com a minha família. Tenho uma bebê de 45 dias, que está internada no hospital, e eles continuam ajudando a minha família até com o enxoval. Eu só tenho que agradecer por eles não terem desistido de mim”, testemunha Emerson.
O Centro POP realiza duas vezes por semana, através de assistentes sociais e psicólogos, uma roda de conversa com os moradores em situação de rua. De acordo com Claudia Castro, “todas as ações desenvolvidas na cidade em favor deste público têm a parceria da Polícia Militar e do Ministério Público. Essa união tem sido fundamental para o êxito das iniciativas”, assegura. Ela cita como exemplo o Natal para Todos, “um projeto em parceria com a PM, com objetivo de proporcionar um momento de interação e fortalecimento de vínculos. Por meio dele, foi ofertada à população em situação de rua, no final de 2017, uma confraternização, com café da manhã, almoço, bingo, distribuição de pipoca, algodão-doce, música ao vivo, aferição de pressão, medição de glicose e manicure, no ginásio do Centro Cultural e Esportivo 7 de Outubro, no bairro Veneza”, recorda.
Esforço reconhecido
Ipatinga ganhou um espaço de relevância nas discussões sobre essas questões a nível estadual. Na última quarta-feira (13), a diretora do Departamento de Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Assistência Social, Cláudia Castro, foi eleita representante do Poder Público no Estado de Minas Gerais para compor o Comitê Estadual de População de Rua, por conta do seu trabalho realizado na cidade há mais de 15 anos. Nesse grupo, composto basicamente por integrantes de entidades da capital e região metropolitana, ela será a primeira representante do poder público e a primeira do interior a fazer parte deste Comitê. O reconhecimento aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, durante a plenária final do Fórum Técnico sobre o Plano Estadual da Política para População em Situação de Rua.
por SECOM/PMI