Diagnóstico constata casos de gravidez cada vez mais precoce
Ipatinga une cinco secretarias municipais para estudarem em conjunto adoção de medidas protetivas
Publicado em 20/07/2017 10:51 - Atualizado em 20/07/2017 10:57
ACOMPANHADO de vários conselheiros, o presidente do CMDCA, Leonardo Rodrigues, apresentou ao prefeito o Diagnóstico, intitulado ?Conhecer para Transformar? .
Um Diagnóstico preocupante da situação da Criança e do Adolescente de Ipatinga, elaborado com recursos do FIA – Fundo para Infância e Adolescência, foi apresentado ao prefeito Sebastião Quintão na tarde de terça-feira (18). Os dados são resultado de oito meses de trabalho da Escola Profissionalizante Tenente Osvaldo Machado (EPTOM). As coletas de informações foram feitas junto a 2.438 famílias, constituídas por 4.267 adultos, crianças e adolescentes. “É o segundo documento do gênero elaborado em 11 anos. O outro levantamento de que dispúnhamos foi realizado em 2006, no primeiro mandato do atual prefeito. O ideal é que esta apuração fosse realizada pelo menos de dois em dois anos, para garantir uma proteção mais eficiente às vítimas de violência”, comentou o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Leonardo Oliveira Rodrigues.
Diante da gravidade dos números expostos, entre eles a ocorrência de 35 casos de gravidez entre meninas de 8 a 14 anos de idade e outros 188 entre adolescentes de 15 a 17 anos, sendo que 89 famílias foram atendidas somente no ano passado em decorrência de casos de violência sexual, o prefeito Sebastião Quintão deu sinal verde para um trabalho integrado de apoio ao CMDCA. A orientação é para que medidas protetivas sejam tomadas em conjunto, após reuniões com as participações das secretarias municipais de Assistência Social, Saúde, Educação, Esporte, Cultura e Lazer, e Segurança e Convivência Cidadã.
O presidente do Conselho ainda chamou atenção para o fato de que “para cada caso de violência denunciado, outros 20 permanecem ocultos por omissão”.
INICIAÇÃO SEXUAL
De acordo com o Diagnóstico, nada menos que 48 adolescentes ou 2% dos entrevistados disseram que iniciaram sua vida sexual com até dez anos de idade. Outros 121 (5%) fizeram sexo entre 11 e 14 anos e 268 (4%) com idades de 15 a 17 anos. Quase 50 adolescentes relataram já ter filhos, concebidos com idades entre 10 e 12 anos.
SUICÍDIOS E DROGAS
Ocorrências normalmente pouco divulgadas, já que há uma convenção entre os órgãos de imprensa no sentido de evitar noticiá-las, para não influenciar negativamente outras pessoas, é chocante o número de suicídios verificado entre adolescentes de dez a 19 anos. Nos últimos oito anos, já são 293 casos, sendo o recorde registrado no ano passado: 89. Apenas no primeiro semestre deste ano, já são 35. Em 2010, havia somente um caso identificado.
Segundo informações levantadas junto à PM, o consumo de drogas entre crianças e adolescentes acusou um aumento de 79% em 2015, elevando-se em mais 5% em 2016. Somente 13% disseram que conversam sobre o assunto na escola. Houve relato de uso de crack, loló, LSD, êxtase, haxixe, Santo Daime e heroína.
VIOLAÇÕES DETECTADAS
Além de suicídios, envolvimento de crianças e adolescentes com drogas, maus-tratos, sexualidade e gravidez precoce e violência sexual, o Diagnóstico identificou violações como falta de acesso a creches (especialmente nas faixas de Maternal I, II e III), evasão escolar e também o uso excessivo de celular, internet e outras tecnologias. Entre os entrevistados, 26% disseram que ficam mais de 8 horas por dia conectados, 28% participam de salas de bate-papo, 30% já se encontraram com pessoas que conheceram pela Internet e 44 não têm acompanhamento por um adulto quanto ao conteúdo acessado.
Um contingente de 26% das famílias entrevistadas apresenta desemprego no lar e 16% delas deixam crianças sozinhas em casa.
por SECOM/PMI