Autoridades enfatizam desafios em Seminário Internacional em Ipatinga
Projetos de preservação são o principal foco do primeiro dia de exposições e debates. Evento continua nesta quarta-feira, na Fadipa.
Publicado em 20/02/2018 18:29 - Atualizado em 20/02/2018 18:38
O Prefeito de Ipatinga saúda as comitivas participantes do Seminário, originárias do país e do exterior
Com a presença de ambientalistas de 18 países da América Latina, América Central e Caribe, representantes da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e destacadas autoridades Executivas, Legislativas e especializadas em gestão de recursos hídricos dos governos estadual e federal, foi aberto nesta terça-feira (20), na Faculdade de Direito de Ipatinga, o Seminário Internacional “Compartilhando Águas: do Local ao Global”.
Com recursos de tradução simultânea, o evento, que conta com apoio da Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma), prossegue ainda pela manhã e à tarde, nesta quarta-feira (21). Estarão em foco, neste segundo dia, exposições sobre a realidade do consumo e formas de abastecimento da água em algumas das nações que enviaram comitivas para participar da programação, como Honduras, Panamá, República Dominicana, Venezuela, Nicarágua, Peru, Costa Rica, Granada, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Uruguai, Bolívia e Cuba.
Um documento contendo uma série de diretrizes relacionadas com os temas abordados, intitulado “Carta de Ipatinga”, está sendo preparado para encaminhamento ao 8º Fórum Mundial da Água, que acontece de 18 a 23 de março, em Brasília.
Empenho e ousadia
O prefeito Sebastião Quintão e o titular da Sesuma, Gilmar Luciano Alves, saudaram com entusiasmo as caravanas de todo o país e também do exterior que vieram contribuir com o compartilhamento de experiências, a troca de aprendizados e o enriquecimento dos debates no seminário internacional. Parceiro da realização, o presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Oliveira, que atua com projetos em três das maiores bacias hidrográficas do País, parabenizou as autoridades do município “por seu empenho e ousadia em viabilizar em tempo tão exíguo o importante acontecimento, que faz coro à voz da sociedade brasileira quanto à necessidade de preservação dos seus mais preciosos recursos naturais”.
Emergência e calamidade
O SECRETÁRIO estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Luiz G. Vieira, chamou a atenção para os sérios problemas de abastecimento vividos em Minas Gerais
Entre os convidados especiais do seminário, o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Luiz G. Vieira, chamou a atenção para os sérios problemas de abastecimento vividos em Minas Gerais, mesmo sendo considerada uma das caixas d’água do país. Ele enfatizou que nada menos do que 265 dos 853 municípios do Estado viveram situações de emergência e calamidade em decorrência de falta d’água, no último ano. “Embora tenhamos água em grande quantidade, ela tem sido inacessível a inúmeras comunidades, o que nos desafia a somar forças para o uso mais racional e eficiente dos mananciais”. Ele anunciou que, diante da dramaticidade do quadro, especialmente na região Norte, o governo encaminhará um projeto à Assembleia Legislativa no mês de março próximo, em que uma das principais medidas é o incentivo creditício para projetos de reuso da água.
Especificamente quanto à bacia do Rio Doce, Germano enfatizou a relevância das medidas compensatórias a serem executadas por meio da Fundação Renova, em relação ao acidente ambiental da barragem da Samarco ocorrido no final de 2015. “Como elas estão centradas, sobretudo, em projetos de saneamento em favor dos municípios, devemos trabalhar para que o rio não apenas seja recuperado, mas possa ser devolvido à comunidade em condições ainda melhores. Nesse sentido, também têm papel fundamental os 115 pontos de monitoramento das águas do rio Doce que agora estão em atividade, possibilitando a fiscalização não apenas da quantidade, mas de sua qualidade”, destacou.
As águas no mundo
O diretor do Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas e Acesso à Água do Ministério do Meio Ambiente, Renato Saraiva Ferreira, observou que “uma gestão mais eficiente das águas é fundamental e inadiável, tendo em vista que a população mundial, atualmente de 7,2 bilhões de pessoas, atingirá nos próximos anos 10 bilhões, elevando substancialmente a demanda de consumo por um recurso natural que é limitado”.
Diante desse quadro, ele disse que a tendência dos projetos gestores é no sentido de viabilizar a dessalinização, nas regiões costeiras, e incrementar o reuso no interior, além do cuidado com os tratamentos de efluentes, de modo que seja devolvida uma água de melhor qualidade aos rios.
“O problema da seca” - ele acrescentou – “não está relacionado apenas com a escassez de chuvas, mas também ao uso e ocupação indiscriminados do solo, dificultando a infiltração e absorção das precipitações nos aquíferos do subsolo”.
“Restaurar custa muito mais caro e, por isso, o foco deve ser sempre na preservação”, ponderou Renato Saraiva, que chamou ainda a atenção para a distribuição das reservas hídricas do planeta: 97,5% das águas são salgadas e apenas 2,5% são doces. Contudo, destas últimas, 69,8% estão em calotas polares e outros 29% tratam-se de águas subterrâneas, sendo apenas 0,9% de rios e lagos.
As águas no Brasil
O Brasil abriga 12% dos mananciais de água doce do globo, mas a relação entre consumo e oferta é complexa: 70% estão na região Amazônica, onde residem apenas 8% da população do país; a região Sudeste, onde estão apenas 6% do total de água doce da nação, é habitada por 40% da população nacional; no Nordeste, estão 3% da nossa água e ali vivem 27% dos habitantes.
Outro dado preocupante é que nada menos do que 40% da água que abastece a população se perde nos sistemas de distribuição.
por SECOM/PMI